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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Porque os animais de Gaza valem mais que os Cristão do Iraque? - Carta ao Director do Observador


Observador

Ao Director
Emo. Sr.
Dr. David Dinis

                                                                                                                                Lisboa, 18 de Agosto

Senhor Director
Foi com muito interesse que li a reportagem do Observador sobre a destruição do zoo de al-Bisan na Faixa deGaza. A peça da jornalista Vera Novais está muito bem-feita, com bastantes e interessantes pormenores desde o número de animais mortos (oito primatas e uma avestruz) até à descrição das terríveis condições que estes animais enfrentam. Ficámos também a saber como os animais chegaram aquele zoo e o porquê da sua existência.

Esta reportagem aliás demonstra mais uma vez o interesse com que o Observador segue o conflito em Gaza, onde agora se juntam aos 2000 mortos estes oito animais. É de realçar de facto a atenção que o vosso jornal tem demonstrado por este conflito entre um Estado Democrático e um grupo terrorista que tantas mortes tem provocado.

Também pela qualidade da cobertura que o Observador tem dispensado a este conflito não me pode deixar de espantar o facto de, aparentemente, o vosso jornal ignorar que neste momento no Iraque se encontra em curso uma perseguição sem quartel aos cristãos. Perseguição essa que já tinha sido levada a cabo pelo ISIS na Síria.

De facto, pesquisando pela palavra Iraque na vossa página só se encontra uma referência à perseguição aos cristãos no Iraque e nenhuma notícia sobre a expulsão de mais de cem mil pessoas da cidade de Mossul por serem cristãos.
Eu percebo que milhares de casas marcadas com a letra “N” (de Nazarenos, ou seja cristãos) não tenha tanto interesse jornalístico como a morte de oito primatas. Ou que uma população pobre obrigada a pagar um imposto de 450 Dólares para poder ficar em sua casa não seja de facto tão relevante como as más condições que os animais do Jardim Zoológico de al Bisan enfrentam. Ou que a morte de mulheres, crianças e homens desarmado por terroristas não mereça a mesma cobertura jornalística que a discussão se o ataque de Israel ao zoo foi ou não justificado.

Porém não posso deixar de lhe perguntar: se em vez de crucificarem cristãos as forças do ISIS crucificassem macacos o vosso jornal publicaria a notícia? Ou se em vez de violarem mulheres violassem avestruzes? Ou se em vez de ocuparem igrejas ou mosteiros milenares ocupassem jardins zoológico? Será que assim o silêncio do Observador seria rompido?
Se for esse o caso gostaria que Vossa Excelência mo dissesse para começar uma campanha para construir um Zoo em Mossul, na esperança de que assim os nossos media começassem a noticiar as barbaridades que se passam no Iraque neste momento.

Com os melhores cumprimentos,
José Maria Seabra Duque